Número de registro
428
Denominação
Escultura Religiosa
Título
São Jorge
Classificação
Local de produção
Data de produção
Material/Técnica
Palavras-chave
Fotógrafo
Daniel Mansur
Data da fotografia
2007
Esfera de proteção legal
Federal
Tipo de tombamento
Tombamento em conjunto
Marcas/Inscrições
No escudo: “GLORIA AD HONOREM DEI”
Dimensões
Altura (cm): 220,0 Largura (cm): 90,0 Comprimento (cm): Profundidade (cm): 50,0 Diâmetro (cm): Peso (g): Circunferência (cm):
Resumo descritivo
Figura masculina, meia-idade, em posição frontal, de pé, com a cabeça erguida, cabelos compridos, em mechas sinuosas, terminadas em cinco pontas por trás; boca entreaberta, mostrando os dentes superiores; bigode sinuoso, saindo do septo labial; lábios grossos e vermelhos; tem o braço direito flexionado, alto, com a mão de segurar; braço esquerdo flexionado junto ao corpo, com a mão de segurar; leva neste braço um escudo elíptico, todo preto, delimitado por friso dourado e contornado por inscrição dourada em relevo: “GLORIA AD HONOREM DEI” circundando uma cruz raionada. Tem as pernas retas, articuladas nas coxas, e pés paralelos. Vestido de soldado, com couraça negra, com recortes em lambrequins na barra; decoração dourada, com tarja de concheados, cês e elementos em forma de sol no centro; gola em recorte de elementos fitomorfos; listras douradas com botões na diagonal e laterais; ombreiras, cotoveleiras e punhos com concheados, ovulados, cês e elementos fitomorfos. Pernas com listras verticais e diagonais com botões; joelheiras cordiformes com rocalhas, cês e frisos; sapatos com rocalhas. Sobre a cabeça leva um capacete semi-esférico, preto, com decoração dourada formada por frisos curvos, elementos fitomorfos e volutas, com pintura imitando pedraria colorida. Aba verde com as laterais enroladas e a frente recortada em bico. Possui uma capinha em tecido adamascado (muito ruim) guardada na Reserva Técnica.
Características estilísticas
Imagem datada de 1816, esculpida por Antônio Pereira dos Santos, de compleição robusta, com o rosto ingênuo, de feições exageradas, imprimindo-lhe um ar caricatural; membros rígidos com as mãos exageradas; decoração de gosto rococó, em concheados, cês, ovulados, cartelas e acantos. O estofamento da imagem e bem como o seu douramento são devidos ao pintor Joaquim Gonçalves da Rocha, que por duas oportunidades (1816 e 1819), fez reparos na imagem.
Características iconográficas/ornamentais
Santo militar que teria vivido no século III tendo nascido na Capadócia (centro da atual Turquia). Conta a lenda que teria salvo a filha de um rei da Líbia de ser devorada por um dragão. Foi eventualmente martirizado de maneiras bizarras. Sua lenda foi rejeitada pelo Papa Gelasio I, através de um decreto de 496. Ganhou grande popularidade a partir das cruzadas, quando o santo converteu-se, em toda cristandade, no patrono dos cavaleiros; além disso, tornou-se um dos santos patronos de Gênova, Veneza, Barcelona e Portugal. Em Portugal, a procissão do santo acontece deste o século XIV, quando a imagem saiu montada em um cavalo no dia consagrado ao “Corpo de Deus”. Tradição que se alargou a todo império, inclusive no Brasil colonial. Iconografia: como personificação do cavaleiro ideal, S. Jorge é representado a cavalo, vestido com armadura e capa, levando um escudo e uma lança a qual o santo investe contra o dragão deitado a seus pés, simbolizando a vitória da Fé sobre o Mal.
Dados históricos
Despesas da Câmara de Sabará com a imagem de São Jorge em Maio de 1816 (3): - pagamento de 23$700 reis de feitio de seis “ Tellizes para o Estado de São Jorge” (fl. 31); pagamento de 8$100 “ pelo feitio de 4 casacas e roupa para o Alferes da Bandeira” (fl. 31); pagamento de $600 pelo feitio da coberta da imagem de São Jorge (fl. 31); de 26$850 pelo que mais se pagou pelo custo do veludo e arreios que se fizeram para a imagem de São Jorge e hum transellim de ouro para as redias do cavallo, o que tudo há de constar de recibos juntos a Linha... (fl. 32); de 42$663 pelo custo da Capa, e o feitio para São Jorge, e próprios, que forão a Villa Rica para conduzir a esta Villa... (fl. 32); de 44$862 pelo que pagou de encarnar a Imagem de São Jorge ao Pintor Joaquim Gonçalvez da Rocha, assim como também pelo custo da Nobreza e pintura das Bandeiras... (fl. 33); de 24$566 pelo que pagou pelo feitio, galão e mais preparatórios para a Cella de São Jorge e arreios para o Cavallo ... (fl. 33); de 38$400 pela pintura de 6 “Felizes e feitio de Vizera e roupas para o Alferes da Bandeira” ... (fl. 33); de 50$000 pelo que pagou a António Pereira dos Santos pelo feitio da Imagem de São Jorge ... (fl. 34). Despesas sem indicação de mês: em 1816 – pagamento de $825 a Valentim da Costa Oliveira de feitio do xairel para o cavalo de S. Jorge (fl. 71); em 1819 – 1$200 pelo que pagou a Joaquim Gonçalves da Rocha, pintor, para retocar e aprontar a imagem de São Jorge (fl. 110). Joaquim Gonçalves da Rocha foi um pintor atuante em Sabará no início do século XIX, entre as suas obras mais significativas, destaca-se toda a pintura e douramento da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, realizada entre os anos de 1813 a 1818.
Referências bibliográficas/arquivísticas
Ficha Cadastral de 26-03-1975; Ficha para Conservação e Restauração de 23-10-1990; Ficha Topográfica de 15-05-1991, agosto de 1996 e novembro de 1997; transcrição datilografada da documentação acima referida. (3) Arquivo Publico Mineiro – Câmara de Sabará – Códice 155 – Livro de Despesa e Receita – ano de 1815 a 1820. PASTOUREAU, Michel e DUCHEL-SUCHAUX. La Bíblia y los Santos. Madrid, Alianza Editorial, 1996.
Condições de reprodução
Domínio público, ver https://museudoouro.acervos.museus.gov.br/reproducao-de-imagens-do-acervo/